sexta-feira, abril 24, 2009

Saúde: um direito ou um negócio?

Mesa da sessão (da esquerda para a direita): Dr.ª Carla Carneiro (PSD), Dr. Fernando Pena (CDS/PP), Dr. Paulo Pedro (PS), Dr. Joaquim Judas (MUSP - Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos), Isabel Mota (moderadora - vogal da Junta de Freguesia de Cacilhas), Dr.ª Heloísa Apolónia (PEV) e Dr. João Semedo (BE).
Aspecto geral da sala que, 10 minutos depois, ainda estava muito mais cheia.



Na minha óptica, este foi um excelente debate. Apreciei, sobretudo, as intervenções do Paulo Pedroso, do João Semedo e de Joaquim Judas.
Paulo Pedroso, que pecou pelo cunho demasiado eleitoralista da sua intervenção (é, como sabem, o candidato do PS à Câmara Municipal), não deixou de colocar muitas e sérias questões sobre o papel das autarquias na resolução do problema da saúde, assim como o fazem na educação e no desporto, mesmo que não tenham competências específicas nessas áreas. Gostei, sinceramente, de o ouvir.
Mas, obviamente, João Semedo foi, para mim, aquele que melhor abordou o tema em análise (direito? versus negócio? nos serviços de saúde) até porque esclareceu logo à partida que o seu interesse na matéria estava para lá de quaisquer questões de política local.
E o médico Joaquim Judas trouxe-nos uma visão do quotidiano. Dos assuntos de proximidade.
Depois do debate, onde participaram bastantes elementos do público, todos ficámos cientes de uma coisa: que o Serviço Nacional de Saúde deve ser público e prestar cuidados de proximidade, o resto foram pomenores.
E, já agora, não posso deixar de dizer do que não gostei: da ênfase que o executivo da Junta de Freguesia (primeiro através da moderadora da sessão, depois pela intervenção do Presidente da Junta) colocou na importância de quem aprovara e quem se abstivera na votação de uma moção (sobre a saúde e a construção de uma unidade de raiz em Cacilhas) apresentada no dia anterior na Assembleia de Freguesia... ao ponto de citar, nominalmente, os partidos e a respectiva orientação de voto, uma informação completamente a despropósito.
E não é que eu tenha qualquer problema em dizer como votei pois até já tinha colocado on-line o resumo da AF e referia esse mesmo facto. Agora achei aquela informação desnecessária.
Ainda pensei pedir a palavra para esclarecer esse pormenor, mas era desviar o assunto do debate e entrar no jogo da CDU. Achei que não valia a pena.
Assim como a exaltação do Presidente da Junta e a necessidade que teve de intervir para contrapor argumentos (que acabaram por funcionar a favor e não contra, como ele pensou) ao discurso de Paulo Pedroso quando ele afirmou que as autarquais bem poderiam participar mais nestas questões: se fosse prioritário construir um centro de saúde em Cacilhas, nada impedia que a CMA o fizesse e, depois, fosse pedir contas ao Governo.
Ao darem o exemplo das escolas e dos pavilhões gimno desportivos que a CMA já construiu, que também são uma competência da Administração Central, a CDU acabou por demonstrar à assistência que Paulo Pedroso, afinal, até tinha razão. E não tenho qualquer problema em dizê-lo aqui, publicamente. Há que saber separar as águas... se é que me entendem.
Tal como foi de muito mau tom a forma como o anfitrião da sessão (o Presidente da Junta de Freguesia) acabou por tratar um dos convidados (Paulo Pedroso, no caso) ao dizer que ia intervir para desmentir o que o orador acabara de dizer. Pode ser um incidente que nem o chega a ser pela sua insignificância, mas não deixei de tomar nota do ar de "superioridade moral" com que a abordagem foi feita para, contudo, acabar por se ter virado o feitiço contra o feiticeiro. E para bom entendedor, meia palavra basta.

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